domingo, 25 de abril de 2010

O quê precisa de título?




Quarteto Destitulado: o reflexo, a transmissão, o não-reflexo e a costura do título (idéia). O desafio é de natureza humana: construir um símbolo para um objeto que pode ser visto de inúmeros ângulos diferentes, por se apresentar como enunciação. Qual o processo de edificação de um título - sendo ele uma mera representação de um universo simbólico? A realidade de uma banda, assim como a de qualquer outra instituição, é igual a de um indivíduo: indefinida.


O reflexo.
Em qualquer processo de titulação há a busca por identificação. Ainda mais quando o processo é de auto-titulação. Buscar se enxergar no título, é de extrema ansiedade. O reflexo se estabelece, portanto, como necessidade de se garantir uma aparente segurança.


A transmissão.
A avidez por querer comunicar aquilo que desejamos nos ronda. Queremos que nossa mensagem seja recepcionada, mas não de uma forma pré-estabelecida. Até porque nossa mensagem - o som - não permite uma previsibilidade na recepção. O título serve de acessório para a mensagem do som. Desejamos apenas transmití-lo.


O não-reflexo.
Como um obstáculo superável e construtivo no meio do caminho, o não-reflexo se estabelece. Ao mesmo tempo que queremos um título que nos identifique, surge uma força antagônica ao reflexo. Ela é construtiva justamente por nos alertar que esse processo rotulatório é dialético e inseguro. Nós não somos só o nosso reflexo. O não-reflexo nos guia para a estruturação do título.


A costura.
Eis a filosofia: estruturar o título. Costurá-lo, remendá-lo. A idéia que nos resta é dar um título que transmita o "nós". Algo que não tem título, pois o título limita. Quarteto Destitulado.