sábado, 10 de outubro de 2009

Nem Lula, nem Obama, nem o MST...


Nada de mais bizarro que ler frases de Lula e saber do ganho do Nobel da Paz de Obama pode acontecer hoje. Ou, pelo menos, ao decorrer da semana que vai se iniciar. Primeiramente, leio uma nota pequena no jornal A Tarde de hoje em que Lula criticou o "ato de vandalismo" do MST - no qual foi derrubado pés de laranja numa fazenda invadida pelos ruralistas sem-terra. Segundo ele, foi um ato de vandalismo e não uma manisfestação de cobrança. "Pode demonstrar sem fazer destruição de máquinas e nem de pés de laranja", disse ele.


O MST é um grupo de pressão. É um grupo de fudidos que não têm terras para produzir e nem para morar, por isso pressionam o Estado para que se efetue os assentamentos da reforma agrária que está prevista em lei. A reforma agrária está prevista em lei. Lula, ao encerrar seu discurso sobre o "ato de vandalismo" dos sem-terra, nos relembra que este país tem constituição e leis que precisam ser cumpridas. Notoriamente, ele se referia a leis de proteção e defesa da propriedade privada - em que todos devem respeitar a propriedade privada alheia. Engraçado. Nessa horas de contradições sempre penso em Marx: em todo argumento, toda teoria, há sua contradição. Lula se auto-criticou. Se a reforma agrária está prevista em lei, ela deve ser cumprida. Se não é cumprida, o MST vai continuar pressionando e descumprindo leis que se referem à propriedade privada (a terra, no caso) até que a lei se assente. É compreensível o "ato de vandalismo" dos sem-terra, mas, obviamente, não é o ideal. Simultaneamente, considerando-se a formação social e ética do nosso país, é compreensível o descaso dos políticos com os pobres e sem-terra. Não chega nem um pouco a ser prudente, quanto mais a ser ideal.


Em seguida, leio sobre o prêmio Nobel da Paz. Obama ganhou por representar uma atividade de diplomacia entre os países do mundo, dissipando a paz. Nada se falou sobre as bases militares americanas espalhadas no mundo. Nada se falou sobre as tropas militares no Iraque. É lamentável, diante de tantos ícones mundiais que receberam esse prêmio como Mandela, assistir à essa palhacada. Realmente, deve estar faltando gente que represente e promova a paz neste mundo, porque Obama não chega aos pés de alguns merecedores desse prêmio.


Nem Lula, nem Obama, nem o MST deveriam ter ganho o prêmio Nobel da Paz. Desta vez, considerando a falta de ícones e representantes públicos mundiais dignos de receber o prêmio, receberíamos nós: a sociedade civil, o povão alienado. Nós, realmente, somos inativos no sentido de mudança das situações diversas que, aparentemente, nos afetam. Seríamos nós os ganhadores do Nobel da Paz. A paz no sentido da tranquilidade, da conformidade, da pacífica solução que não efetuamos até hoje - provavelmente, nunca será efetuada. É um mérito pela alienação nossa de cada dia, que pacifica nossas atitudes com relação à injustiça social e indignação com os fatos absurdos que nos circundam.