quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Por que valorizar as Ciências Sociais?


Para começar o ano de 2010 com uma reflexão (dialética, de preferência) e até chegar num debate, lanço esta pergunta: por que valorizar as ciências sociais? É claro que alguns vão ler o título do post e vão saltitar os olhares, assim como os mais puristas vão sentir falta de uma análise mais aprofundada e mais acadêmica. Para estes, digo que estou de férias e só quero escrever informalmente e, para aqueles que não vão ler, sugiro que leiam, pois é para esse público que eu vou escrever.

A questão da escolha acadêmica é muito subjetiva para muitos que não tem em mente uma proposta de transformação da sociedade em que vivemos, pois, para quem tem a transformação como meta, nada melhor que se inserir nas Ciências Sociais, que tem como principal objetivo instruir na mudança. Eu percebo que a maioria dos pré-vestibulandos da classe média e alta encaram o vestibular e, consequentemente, o curso escolhido como forma de competição visando um imediato e futuro prestígio. Imediato porque a aprovação em tal curso e em tal universidade vale mais que tudo naquele momento do resultado e futuro porque aquele curso vai dar uma base econômica e psicológica após a conclusão e, por conseguinte, o prestígio vai se estabelecer. As Engenharias, o Direito e a Medicina se fundamentam como os medalhões do vestibular justamente por representarem uma proposta de prestígio social, pois a ascenção econômica é "garantida". As Ciências Sociais, por sua vez, se tornam subalternas e menosprezadas num vestibular que segue os ditames do mercado e do conservadorismo. A escolha no vestibular é moldada a partir de valores econômicos que se resultam em prestígios, por isso fica difícil para aquele vestibulando que tem uma proposta de transformação social seguir num curso que lhe corresponda num sistema tal como é: guiado pelo mercado.

Tendo como primeiro obstáculo às Ciências Sociais o vestibular, todos os outros obstáculos se resumem à falta de ímpeto revolucionário à juventude que se conforma com a violência, com o desemprego, com a pobreza, com a mortalidade infantil, com a criminalidade como forma de sobrevivência nas massas populares e que possui maus olhares à Che Guevara, à Karl Marx, ao MST e a todos os atores que desejam uma mudança verdadeiramente não-reformista no quadro social. Valorizar as Ciênciais Sociais não é simplesmente cursar um de seus cursos na universidade, é, antes de tudo, querer apoiar e incentivar aqueles que se comprometem com a luta do povo contra a elite e que poderá oferecer uma vida mais humana à grande parte de sociedade. A valorização às Ciências Sociais se tornará eficiente quando diminuir o número de pessoas que se autoalienam em prol de um conforto e bem estar individual para darem valor a um discurso coletivo e não segregador.