segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

tradição e contemporaneidade



Qual são as necessidades de petrificar algo? ------------------------

O medo pode ser uma delas. Mas medo de quÊ? A rotina, a conservação e o previsível é interesse de muita pessoas. Que tipo de p es sso as? Não. Essa pergunta não existe. Todas elas tem interesse nisso.
A questão é a intensidade ou o gosto. Umas tem muito mais interesse em tradicionalizar as estruturas, as culturas, os movimentos, os pensamentos, etc. Para elas, o novo é fóbico. Medo do novo?

Será que isso, realmente, tem nec essi dad e?
Por que manter? É verdade que há algo que se perde quando se muda. Mas e os ganhos? Eles podem ser, no contexto, muito mais úteis e prazerosos que as benesses pré-mudança.
Então, é medo do risco?

Ser do nosso tempo é arriscar. Isso é estar preparado para a mudança.
É saber que dói quebrar paradigmas, tradições.
É saber que as coisas não são tão seguras quanto par ec em ser.
Todos nós precisamos ter algo seguro. Algo de concreto. Um chão.

Seria, portanto, o medo de perder o chão?

Digam!




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tempo de nós




Anos de convívio e horas de encontros
nos fazem rir por minutos dos dias
em que rimos das nossas simples palavras sobre o mesmo objeto e sujeito que é nós.

Agora também tem riso.
Pedro fala dos meses bons em minutos
junto com as risadas Marcelas, a alegria do Eu e a referência do fá tatuado lá no sul.

As sucessivas formações do grupo vem à tona quando lembramos da maldita guerra, do centro do universo e da punheta dos Ostras. Mas, isso não foi tudo.
Sem o contato cotidiano e incessante a memória ficaria restrita aos acontecimentos.
Estamos falando é de outra coisa.

Para além dos encontros, além das músicas, além das brigas, além dos sustos...
Estamos falando, há muito tempo, é de amor.

Isso quando o tempo fica junto de nós...
nos breves segundos de devaneios em meio à gordura e música no rei do hambúrger.



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

À deriva



À deriva


Iniciar mais um recomeço de uma mesma meta
é chorar o tempo que passou
é, sobretudo, refulgar a tristeza do erro
A perda da meta é uma confusão

Selecionar as cenas da estrada que virá
é impossível quando se bóia
no mar que é o acaso, que é sorte
Derivar da meta é uma virtude

Deixar que a onda leve não é crer no destino:
é justamente o contrário
Querer derivar compate com o querer alcançar?

A vontade de realizar a meta
caminha ao lado do boiar sem rumo

no paradoxo que se estabelece em
deixar-se levar: à deriva

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sem mar



Sem mar



Ah, assim não dá


Ah, dentro deste mar


Você não está cá


Perto de mim


Que graça isso tem?


O mar é tão vasto


Mas sem você ele vira uma espuma


O sentido vira um coral


Sem graça, sem água, sem cor


Sem gosto

domingo, 25 de abril de 2010

O quê precisa de título?




Quarteto Destitulado: o reflexo, a transmissão, o não-reflexo e a costura do título (idéia). O desafio é de natureza humana: construir um símbolo para um objeto que pode ser visto de inúmeros ângulos diferentes, por se apresentar como enunciação. Qual o processo de edificação de um título - sendo ele uma mera representação de um universo simbólico? A realidade de uma banda, assim como a de qualquer outra instituição, é igual a de um indivíduo: indefinida.


O reflexo.
Em qualquer processo de titulação há a busca por identificação. Ainda mais quando o processo é de auto-titulação. Buscar se enxergar no título, é de extrema ansiedade. O reflexo se estabelece, portanto, como necessidade de se garantir uma aparente segurança.


A transmissão.
A avidez por querer comunicar aquilo que desejamos nos ronda. Queremos que nossa mensagem seja recepcionada, mas não de uma forma pré-estabelecida. Até porque nossa mensagem - o som - não permite uma previsibilidade na recepção. O título serve de acessório para a mensagem do som. Desejamos apenas transmití-lo.


O não-reflexo.
Como um obstáculo superável e construtivo no meio do caminho, o não-reflexo se estabelece. Ao mesmo tempo que queremos um título que nos identifique, surge uma força antagônica ao reflexo. Ela é construtiva justamente por nos alertar que esse processo rotulatório é dialético e inseguro. Nós não somos só o nosso reflexo. O não-reflexo nos guia para a estruturação do título.


A costura.
Eis a filosofia: estruturar o título. Costurá-lo, remendá-lo. A idéia que nos resta é dar um título que transmita o "nós". Algo que não tem título, pois o título limita. Quarteto Destitulado.










quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Por uma verdadeira humanidade




"Nunca existiu humanidade. Estamos fazendo os primeiros ensaios do que será a verdadeira humanidade."
Milton Santos, 2001

"A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classes."
Marx e Engels - Manifesto Comunista, 1848



A humanidade como comunidade de humanos nunca existiu, por isso não se pode dizer "história da humanidade", e sim história das lutas de classes. O verdadeiro sentido da humanidade é inexistente em nossa sociedade global capitalista e, sobretudo, inexistente em qualquer sociedade passada, pois a notória divisão das sociedade em classes econômicas e sociais tem como resultado inevitável uma segregação que tem uma lógica individualista - baseada nos interesses da classe que domina.


Desde a existência do Estado e do Direito - os pilares para fortalecer o modo de produção de uma civilização - a humanidade foi extinta. A dominação de uma classe através da apropriação material se deu sob uma ótica anti-coletiva e reprimiu aqueles que se tornavam subalternos pela exploração dessa classe. Um breve estudo das formações sociais revela o quão é perverso o sistema essencial de segregação do homem pelo homem e as suas respectivas lutas de classes, pois são geradas em razão de cada sistema, de cada formação social. A vitória da classe oprimida em cada formação social dá origem a uma síntese que repudia todas as formas de exploração de uma determinada formação social. As lutas entre o escravo e o seu senhor, entre o súdito e o seu monarca e entre o operário e o seu patrão burguês são reveladas pela história, sob uma perspectiva dialética, para a fundamentação de uma teoria de que não houve e não há humanidade.


As formações sociais se superam, comprovando a dialética história, mas a exploração e a ótica individualista de cada classe dominante permanece sob formas contextualizadas e, sobretudo, diferentes, que empurram a implementação da verdadeira humanidade para a formação social posterior. Milton Santos, ao analisar em várias de suas obras o processo de globalização capilista que se matura após a queda do Muro de Berlim em 1989, teoriza que a globalização é um processo de dominação global, em que o Estado social se definha em detrimento do Estado econômico que se alia com as multinacionais para estabelecer a perversa competitividade imperialista global. Com isso, para fortalecer essa aliança econômica, o consumo é o grande fundamentalismo da cultura midíatica para conduzir os países do terceiro mundo e suas massas populares a fomentar essa hegemonia, essa classe dominante global. O resultado é o extermínio das culturas populares, a satanização e criminalização dos movimentos sociais que servem de interjeição à lógica do capital e a não formação de um cidadão como sujeito de transformação social e sim a reprodução em massa de consumidores, que se alienam com os fetiches e privilégios que o capitalismo oferece a quem os contempla. Essa análise de Milton Santos permite entender como a ordem mundial hoje, propagandeada ideologicamente pela mídia e alicerçada num grupo dominante econômico, afasta o sentido de humanidade em escala global.



Hoje, a única possibilidade de formação da verdadeira humanidade calca-se na vitória da classe oprimida sobre a classe dominante. A formação social que se fundamenta desde o século XIX, composta pelo modo de produção capitalista, gera, como qualquer formação social já existente, a sua própria luta de classes: a luta entre a classe operária e a classe burguesa. Crer na vitória da classe operária através de revolução é a única saída humana do capitalismo para o sistema socialista, visto que a derrota do governo burguês, o fim da propriedade privada dos meios de produção e o extermínio da exploração de classe é a antítese da ordem dominante atual para a síntese de uma nova ordem, calcada no verdadeiro sentido da humanidade.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Por que valorizar as Ciências Sociais?


Para começar o ano de 2010 com uma reflexão (dialética, de preferência) e até chegar num debate, lanço esta pergunta: por que valorizar as ciências sociais? É claro que alguns vão ler o título do post e vão saltitar os olhares, assim como os mais puristas vão sentir falta de uma análise mais aprofundada e mais acadêmica. Para estes, digo que estou de férias e só quero escrever informalmente e, para aqueles que não vão ler, sugiro que leiam, pois é para esse público que eu vou escrever.

A questão da escolha acadêmica é muito subjetiva para muitos que não tem em mente uma proposta de transformação da sociedade em que vivemos, pois, para quem tem a transformação como meta, nada melhor que se inserir nas Ciências Sociais, que tem como principal objetivo instruir na mudança. Eu percebo que a maioria dos pré-vestibulandos da classe média e alta encaram o vestibular e, consequentemente, o curso escolhido como forma de competição visando um imediato e futuro prestígio. Imediato porque a aprovação em tal curso e em tal universidade vale mais que tudo naquele momento do resultado e futuro porque aquele curso vai dar uma base econômica e psicológica após a conclusão e, por conseguinte, o prestígio vai se estabelecer. As Engenharias, o Direito e a Medicina se fundamentam como os medalhões do vestibular justamente por representarem uma proposta de prestígio social, pois a ascenção econômica é "garantida". As Ciências Sociais, por sua vez, se tornam subalternas e menosprezadas num vestibular que segue os ditames do mercado e do conservadorismo. A escolha no vestibular é moldada a partir de valores econômicos que se resultam em prestígios, por isso fica difícil para aquele vestibulando que tem uma proposta de transformação social seguir num curso que lhe corresponda num sistema tal como é: guiado pelo mercado.

Tendo como primeiro obstáculo às Ciências Sociais o vestibular, todos os outros obstáculos se resumem à falta de ímpeto revolucionário à juventude que se conforma com a violência, com o desemprego, com a pobreza, com a mortalidade infantil, com a criminalidade como forma de sobrevivência nas massas populares e que possui maus olhares à Che Guevara, à Karl Marx, ao MST e a todos os atores que desejam uma mudança verdadeiramente não-reformista no quadro social. Valorizar as Ciênciais Sociais não é simplesmente cursar um de seus cursos na universidade, é, antes de tudo, querer apoiar e incentivar aqueles que se comprometem com a luta do povo contra a elite e que poderá oferecer uma vida mais humana à grande parte de sociedade. A valorização às Ciências Sociais se tornará eficiente quando diminuir o número de pessoas que se autoalienam em prol de um conforto e bem estar individual para darem valor a um discurso coletivo e não segregador.