quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Atos secretos


Penso que todo mundo deve estar sabendo da baderna e da falta de respeito que está acontecendo e que, na verdade, sempre aconteceu no cenário político do país. É engraçado perceber que a força desse desrespeito, que se originou teoricamente no Senado, atinge toda a estrutura de um sistema presidencialista de governo que é o nosso. Na teoria, a independência dos três poderes é uma das características do sistema presidencialista. As causas maléficas dessa independência não entram em discussão aqui, embora seja uma das fontes da desorganização dos países presidencialistas - isso inclui, e muito, o Brasil. O fato é que essa característica tão valorizada por corruptos se desmantelou durantes alguns momentos da história do país e se desmantela agora. José Sarney. O ex-presidente da república que governou o país e o Estado sob a constituição de 1988: a constituição democrática, agora é acusado de nepotismo e de atos secretos irregulares. É pior que uma contradição, é um paradoxo.
A ratificação de que há personalidades ao invés de princípios, principalmente na atividade política, é prudente nesse momento. José Sarney, considerado por alguns "muito velho para sair do cargo", é um senhor patrão. A força que o "dono" do Maranhão tem na política é absurda, pois faz com que os seus atos secretos sejam arquivados na maior facilidade e com o maior apoio dos amiguinhos políticos. Faz também com que seus amiguinhos - esses não são políticos mesmo - assumam cargos que eram pra ser concorridos ou nomeados por outras pessoas da atividade política. Sua força não condiz, porém, com a sua atitude silenciosa e secreta. Nessas horas, a força de enfrentar a verdade, de se redimir e de largar o cargo não existe.